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Impostos podem passar de 70% nos preços de presentes para crianças
Economia e Negócios
Publicado em 03/10/2017

Os impostos embutidos nos preços dos presentes tradicionalmente mais vendidos no Dia das Crianças não estão para brincadeira. É que a carga tributária chega a consumir até 72,18% do valor dos produtos ― é o caso do videogame (e também dos jogos e consoles), que lidera ranking tributário com mais de 20 itens, encomendado pela Associação Comercial de São Paulo ao Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

O segundo presente com mais impostos é o tênis importado (58,59%). Em terceiro lugar estão empatados patins, skate e patinete, todos com 52,78%.

“Estamos pagando mais tributos. Como exemplo, temos a marca de R$ 1,5 trilhão do Impostômetro alcançada 22 dias antes do que em 2016. Diante desse cenário, o presente de Dia das Crianças vai pesar no bolso do consumidor”, alerta o economista Marcel Solimeo, diretor do Instituto de Economia da ACSP. A entidade criou e mantém o Impostômetro para revelar quanto os brasileiros pagam em tributos para União, Estados e municípios.  

Sobre a expectativa de vendas para a data, a ACSP prevê que devem prevalecer produtos de menor valor, que possam ser pagos à vista, como brinquedos, roupas e calçados. “Mesmo diante da alta carga tributária, a tendência é de aumento moderado, na faixa de 3%, do movimento das vendas na primeira quinzena de outubro”, analisa Solimeo.

“Infelizmente, muitas pessoas ainda não observam o peso da carga tributária que nós, consumidores, pagamos ao adquirir um item em um supermercado, numa loja de roupas, calçados ou eletrodomésticos, em um uma viagem ou quando vamos a um restaurante. Para agravar ainda mais a situação, nos últimos anos, por causa da crise, o governo tem feito alterações em alguns tributos que aumentaram ainda mais a carga tributária, como os combustíveis recentemente, e em anos anteriores, alguns itens importados, como chocolates e bebidas, por exemplo. E nós continuamos sem ter os serviços essenciais de saúde, educação, transporte e segurança pública. Lamentável!”, comenta o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

Conforme apontado pelo economista, brinquedos, roupas e calçados devem ser os presentes mais procurados. Os impostos embutidos nos preços de alguns brinquedos são: 39,7% no spinner, boneca e carrinho e 48,4% na bola de futebol. Com relação a vestuário, tem-se: roupa e camisa de time (34,6%), boné (35%), fantasia (36,4%), tênis nacional (44%) e tênis importado (58,5%).

Entre os produtos eletrônicos, computador e notebook têm carga tributária de 24,3%, tablet apresenta 39,1% e celular possui 39,8%.

Menos tributos – De acordo com o levantamento, entre os itens que apresentam menor tributação nos preços finais ao consumidor estão livro (15,5%) e ingressos para teatro e cinema (20,8%).

Mais tributos – Além dos já citados, videogame (72,1%), patins/patinete/skate (52,7%), chamam a atenção as cargas da câmera fotográfica (50,7%), da bicicleta (45,9%), da prancha de surfe (43,6%), do estojo de lápis de cor/canetinha (40,3%) e da piscina de plástico (40,9%).

Viagem  – Para Solimeo, se o tempo ajudar, o presente das crianças poderá ser substituído por viagens ao litoral ou interior no feriado prolongado. “Com o feriadão e a vontade da maioria das crianças de viajar, a expectativa é de grande movimento no comércio das áreas turísticas. As lojas precisam estar preparadas com campanhas publicitárias de impacto e promoções para aproveitar o momento e alavancar as vendas”, recomenda. Os impostos embutidos nos preços dos bilhetes de viagens chegam a 29,5%, segundo o levantamento.

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