A Coreia do Norte alertou os Estados Unidos de que não aceitará provocações na região, dizendo que está "pronta para revidar ataques nucleares".
O comentário acontece no dia em que o país comemora o 105º aniversário do nascimento de seu presidente fundador, Kim Il-sung - o avô do atual presidente Kim Jong-un.
Um enorme desfile militar em Pyongyang ocorreu em meio a especulações sobre se Kim Jong-un ordenará um novo teste nuclear. Entre os armamentos demonstrados na parada parecia haver novos mísseis intercontinentais que podem ser lançados de submarinos.
Foi uma demonstração de poderia militar após o aumento das tensões com os Estados Unidos, que enviou um navio porta-aviões para a região.
"Estamos preparados para responder uma declaração de guerra com uma declaração de guerra", disse Choe Ryong-hae, que acredita-se ser a segunda autoridade mais poderosa no país.
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"Estamos prontos para contra-atacar com ataques nucleares do nosso próprio estilo no caso de qualquer ataque nuclear."
Fileiras de bandas militares e soldados marcharam pela praça principal da capital, a praça Kim Il-sung, na celebração do "Dia do Sol" enquanto King Jong-un, de terno escuro, assistia.
Ele saudou a guarda de honra e tomou seu lugar no pódio. Em determinados momentos, pareceu relaxado e riu junto com seus assessores.
Milhares de militares marcharam em demonstração de força e poderio militar na capital coreana Reuters Milhares de cidadãos coreanos com roupas tradicionais desfilaram e dançaram nas comemorações do 105º aniversário de nascimento de Kim Il-sung 'Medo e fascínio'
"Foi um espetáculo extraordinário e perturbador. Na verdade, foi mais do que um espetáculo. Enquanto milhares e milhares de soldados marchavam em uma demonstração coreografada de lealdade e unidade, dava para sentir, literalmente, o chão tremer", disse o correspondente da BBC em Pyongyang John Sudworth.
"Eles continuaram passando, em formação perfeita, até que atrás deles apareceram os armamentos pesados. Havia componentes do extravagante programa de armas nucleares do regime, como mísseis gigantes."
"E, finalmente, os moradores de Pyongyang começaram a passar, vestidos em roupas tradicionais, comemorando e chorando. Assim como os militares, eles andavam com os rostos virados para seu jovem líder Kim Jong-un. Foi uma aula de mobilização totalitária feita para causar medo e fascínio. E conseguiu", descreve Sudworth.
Durante a passeata, aviões militares escreveram o número 105 no céu da capital norte-coreana.
Em meio a preocupações de que a Coreia do Norte está próxima de produzir um arsenal nuclear, o desfile deste sábado foi uma oportunidade para que Kim mostre as atuais capacidades militares do país.
Foram mostrados pela primeira vez o que pareciam ser mísseis balísticos Pukkuksong, que são lançados de submarinos e podem viajar mais de mil quilômetros.
Especialistas em armas dizem ter visto também dois novos tipos de mísseis balísticos intercontinentais, mas ainda não está claro se eles foram testados. Pyongyang ainda não anunciou se têm mísseis como estes prontos para serem usados.
China alertou na última semana que conflito com a Coreia do Norte "pode acontecer a qualquer momento".
O objetivo do país parece ser colocar uma ogiva nuclear em um míssil balístico intercontinental, que consiga atingir alvos ao redor do mundo. Até agora, cinco testes nucleares já foram realizados em busca deste objetivo.
Pyongyang afirma ter miniaturizado ogivas nucleares para usá-las em mísseis, mas especialistas dizem duvidar, por falta de provas.
A parada militar mostrou quão vital o programa nuclear é para as ambições do país, enquanto o governo continua a ignorar a crescente pressão dos EUA para abandonar suas armas nucleares - com um impulso da China.
Na última sexta-feira, o ministro das Relações Exteriores chinês Wang Yi disse que "pode haver conflito a qualquer momento" entre a China e a Coreia do Norte. Ele afirmou ainda que, se ocorresse uma guerra, não haveria vencedores.
Ao contrário do que ocorreu nos desfiles comemorativos anteriores em Pyongyang, não parecia haver representantes chineses neste sábado.
Além da ameaça da China, o presidente americano Donald Trump disse na última quinta-feira que "o problema da Coreia do Norte" seria "resolvido".
"Se a China decidir ajudar, seria ótimo. Se não, resolveremos o problema sem eles! Estados Unidos da América", afirmou Trump.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, irá para a Coreia do Sul no domingo como parte de uma viagem de 10 dias pela Ásia.
O navio porta-aviões USS Carl Vinson e um grupo tático também foram enviados para a península coreana.
"Estamos enviando uma armada. Muito poderosa", disse Trump à rede de TV Fox Business. "Ele (Kim Jong-un) está fazendo a coisa errada. Está comentendo um grande erro."
No entanto, a agência de notícias Associated Press citou declarações de membros do governo americano dizendo que a administração atual está mais focada em aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte com a ajuda da China do que em utilizar a força militar contra o país.
Mesmo assim, o presidente americano demonstrou, recentemente, a disposição de usar as armas para resolver questões.
Ele ordenou um ataque com mísseis de cruzeiro a uma base aérea na Síria em retaliação a um suposto ataque com armas químicas - a primeira ação direta contra o regime sírio desde o início da guerra civil - e o Exército americano acaba de usar uma poderosa bomba contra o grupo autodenominado "Estado Islâmico" no Afeganistão.