A jornalista Patrícia Lelis ganhou notoriedade no ano passado após ter acusado o deputado federal pastor Marco Feliciano (PSC/SP) de estupro. Ex-simpatizante do Partido Social Cristão e ex-evangélica, a jovem de 23 anos agora se tornou ré no processo em que é acusada de mentir e extorquir dinheiro de Talma de Oliveira Bauer, de 65, ex-assessor de Feliciano.
Segundo o G1, a Justiça de São Paulo aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público (MP), onde Patrícia é acusada de denunciação caluniosa e extorsão contra Bauer. O depoimento dela foi marcado para 25 de maio, quando ela poderá ser julgada.
No entendimento da 1ª Promotoria Criminal, Patrícia mentiu à Polícia Civil ao afirmar que foi sequestrada e mantida em cárcere privado em um hotel na capital paulista. Após essa acusação, Bauer chegou a ser preso.
No processo, o MP também acusa a jornalista de cobrar dinheiro do ex-assessor para gravar vídeos desmentindo a acusação de tentativa de assédio sexual por parte de Feliciano. Segundo os autos, Bauer teria pago R$ 20 mil a um amigo dela em troca de silêncio.
Feliciano foi acusado por Patrícia de tentar estuprá-la no apartamento dele em Brasília, em junho. Como parlamentar, o pastor tem foro privilegiado, e por isso o caso deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A Polícia Civil indiciou Patrícia pelos crimes em setembro, tendo pedido a prisão preventiva dela. O MP e a Justiça, acataram a denúncia, mas não viram motivos para a prisão. Por sua vez, a defesa da jornalista pedia anulação do inquérito policial, com queixas sobre a conduta do delegado.
Ao G1, Patrícia confirmou nesta terça-feira (11) que a audiência sobre o caso já está marcada. Voltou a criticar Luiz Roberto Hellmeister, então delegado do 3º Distrito Policial (DP), no Centro de São Paulo, que a indiciou.
“Lembrando que eu fui acusada de um caso que o STF [Supremo Tribunal Federal] ainda não julgou, e o delegado que fez tal acusação carrega nas costas crimes bárbaros que aconteceram dentro da sua delegacia, como por exemplo o caso da Verônica Bolina, que foi brutalmente agredida dentro da própria delegacia”, argumenta Patrícia, mencionando a travesti que foi espancada após ser presa em 2015.
“Tenho testemunhas que estavam presentes na delegacia, que vão dar testemunho ao meu favor, dizendo sobre a conduta do delegado, e sobre os inúmeros xingamentos que se refere a mim”, acrescentou.
Interrogatório
Patrícia responde ao processo em liberdade. O juiz Carlos José Zulian a ouvirá na 1ª Vara Criminal do Fórum da Barra Funda, e tomará depoimentos das testemunhas do caso. Se desejar, o magistrado poderá julgar o processo e dar a sentença no mesmo dia. Se for considerada culpada, a pena prevista para os crimes de denunciação caluniosa e extorsão variam de 6 a 20 anos de prisão.
Ana Ruas, uma das advogadas de Patrícia, explica que, como Patrícia mora na capital federal, poderá ser ouvida por carta precatória em Brasília. Em outras ocasiões, sua defesa alegou que a jornalista negava os crimes que a polícia atribuiu a ela.
Desde que o caso veio à público, Patrícia tem usado as redes sociais para anunciar que deixou de frequentar a igreja evangélica, abandonou a “direita” e agora é militante feminista.
A assessoria de imprensa de Feliciano informou apenas que “os processos correm em segredo de justiça” e que “por essa razão ficamos impedidos de divulgar maiores detalhes do caso.”