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Birras de crianças: como lidar com o temperamento infantil
Dicas
Publicado em 11/02/2017

Você sai para dar um passeio com seu filho, tudo vai bem, vocês se divertindo, mas de repente ele dá um escândalo daqueles. Lidar com essa situação, às vezes, pode ser um grande desafio. Mas o que diversos especialistas concordam é que violência e descontrole por parte dos pais não fazem a criança se acalmar. Além disso, é preciso identificar quando o pequeno está desconfortável com algo ou se está apenas fazendo birra.

Embora desagradáveis, os acessos de fúria são comuns entre as crianças de 1 a 4 anos, quando elas ainda estão desenvolvendo a fala e o sentimento de pertencimento àquela sociedade. Quanto mais nova a criança é, mais comum a sua comunicação através do choro, principalmente para demonstrar que está desconfortável com um barulho, frio ou calor, uma fralda suja ou fome.

O importante é os pais nunca desistirem e começarem a educar de forma mais próxima dos seus filhos desde muito pequenos Adriana Barros, psicóloga infantil

No entanto, é preciso estar atento para identificar se o choro é saudável ou se é uma birra. Para diferenciar, a psicóloga Adriana Barros, que há 24 anos trabalha com comportamento infantil, dá a dica de observar os movimentos corporais da criança. "Em geral, quando se trata de uma birra, ela se joga no chão, grita de maneira mais agressiva, esperneia. Nesses casos é preciso ter paciência e tentar tirar o foco da criança, acocorar e falar com ela olhando nos olhos e usando um tom firme, mas sem gritar ou usar a violência", explicou.

"Se no momento de estresse os pais se descontrolam, gritam, agridem, vão ter a reação para aquele tipo de comportamento. Os pais são os modelos das crianças. Se elas saem e batem a porta, se gritam, reclamam é porque os pais também fazem isso em algum momento", alerta a psicóloga infantil. Ela ainda pontua para a necessidade dos pais aprenderem a impor limites e respeito.

Com apenas 3 anos e 5 meses, a pequena Helena deu motivos para a mamãe Ana Luiza Melo ter muitas histórias de birra para contar. "Ela é uma criança meiga, educada, que respeita os comandos, mas quando ela está nos momentos de fazer birra faz tudo para testar os limites do adulto que está com ela. Quando ela fica contrariada, se joga no chão, bate na gente", contou a mãe da pequena.

Helena já se agarrou ao urso do parque porque não queria ir embora

Helena já se agarrou ao urso do parque porque não queria ir emboraFoto: acervo pessoal

Para lidar com a situação, Ana Luiza já usou diversos métodos. De ignorar a birra e continuar andando a perder a paciência e dar uma palmada. "Em geral, a mãe sabe quando o filho está chorando por algum incômodo ou por birra. Eu geralmente tento entender do que se trata, converso, até dou uma de psicóloga. Sou totalmente contra a agressão, mas já houve uma situação em que tive que dar uma palmada, com se fosse um 'se ligue', mas ela acabou rindo. Foi bom, pelo menos, porque o chilique passou", relembrou a mãe de Helena.

Adriana Barros, por sua vez, evitar dizer que esse tipo de comportamento "manhoso" das crianças é "culpa" dos pais, mas admite que a forma de agir de um interfere na conduta do outro. "Muitos pais não conseguem impor limites aos filhos, dizer não, educar da maneira correta, porque estão cansados de uma rotina estressante para ambos. Passam o dia trabalhando e quando estão em casa estão cansados para reclamar, conversar, explicar. Educar é cansativo porque é um exercício de repetição", relatou a psicóloga.

Já o pai da pequena Gabriela Mariah, de 1 anos e 9 meses, Thiago Andrade torce para que a filha nunca apresente esse tipo de comportamento, mas admite que ela já faz um "charminho" quando quer alguma coisa. "Tem uma danado de um vídeo no celular que ela gosta de assistir à noite que se não der ela começa a chorar. Dependendo da hora da noite a gente cede, mas se for tarde, é só conversar com ela que fica tudo bem", disse. Ele, no entanto, revela que tem uma relação saudável com a criança e que eles se entendem só pelo olhar. "Ela sabe só de olhar pra gente que vamos, ou não, dar o que ela quer."

Para evitar situações constrangedoras em shoppings, restaurantes, consultórios médicos e outros locais públicos, a dica é, antes de sair de casa, ter uma conversa franca com criança, usando a linguagem dela, mas sendo firme. Pontos que podem ser debatidos é se haverá dinheiro, ou não, para comprar um brinquedo, por exemplo. E mesmo com esse tipo de diálogo, os pais devem entender que uma criança de 2 anos não vai ficar tranquila esperando horas para ser atendida ou quieta num restaurante barulhento.

A dica é, antes de sair de casa, ter uma conversa franca com criança, usando a linguagem dela, mas sendo firme

"O importante é os pais nunca desistirem e começarem a educar de forma mais próxima dos seus filhos desde muito pequenos. Mesmo crianças com menos de um ano já têm vontades e se expressam. Outra coisa é que quando acontecer a birra, as crianças não devem ser expostas a situações vexatórias que podem causar uma reação ainda mais agressiva", orientou Adriana Barros.

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