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Parlamentares lamentam morte de Marisa Letícia e falam de pressões da crise política
Brasil
Publicado em 02/02/2017

“Sei o quanto esta mulher sofreu”, afirmou José Guimarães (PT-CE). “Considero inimaginável uma pessoa passar por tudo o que ela passou e não ter algum problema”, disse Daniel Almeida (PCdoB-BA).

Brasília – O tom de comoção e solidariedade com a morte de Marisa Letícia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e os motivos que podem ter abalado a saúde da ex-primeira-dama diante das denúncias feitas aos seus familiares marcaram o dia de hoje (2) no Congresso Nacional. O temperamento e comportamento de Marisa Letícia foram lembrados em pronunciamentos e conversas nos gabinetes e no plenário, tanto entre líderes do PT como de outros partidos, mas o que mais se comentou foi a profunda crise emocional sofrida por ela nos últimos tempos.

“Eu e muitos de nós não dormimos esta noite, quando soubemos que o quadro tinha se agravado, porque dona Marisa era um símbolo para nós. Sei o quanto esta mulher sofreu”, afirmou emocionado o ex-líder petista na Câmara e agora líder das minorias na Casa, José Guimarães (CE). Guimarães evitou usar seu tempo para falar sobre a eleição na Casa. Preferiu, em vez disso, dedicar-se apenas a homenagear Marisa durante seu pronunciamento no plenário. Ele disse que o gesto tinha o intuito de fazer “uma singela homenagem àquela que durante toda a sua vida foi uma pessoa simples”.

“Todos sabem da boa relação entre as nossas famílias. Todas as vezes em que viajava com Lula ao interior do Ceará dona Marisa chamava a atenção das pessoas pelo seu jeito acolhedor. Ela não era simplesmente a mulher do Lula, era uma mulher guerreira, lutadora, que veio de baixo. Tinha um coração tão grande que parecia ser do tamanho do Brasil. Estará presente nas nossas lutas e na história brasileira. Este é um momento muito duro para todos nós do PT”, ressaltou.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que é médico, afirmou que Marisa foi vítima de um AVC, mas também do que chamou de “caçada política implacável”. “Ela sofreu uma perseguição midiática sem precedentes, que lhe provocou profunda tristeza e lhe precipitou problemas de saúde em decorrência de um estado emocional extremamente abalado por esse cerco que se impôs à sua vida”.

Daniel Almeida (PCdoB-BA), líder do partido na Casa, destacou que considera “quase inimaginável uma pessoa sofrer tantos ataques como Lula tem sofrido, ser seu parente, estar ao seu lado e permanecer forte, sem problemas emocionais nem de saúde”. “Deixo aqui minha solidariedade a toda a família, principalmente, porque sei que este problema foi reflexo dos acontecimentos que afetaram a ex-primeira-dama”, acrescentou.

Minuto de silêncio

O 1º secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), ao abrir os trabalhos, pediu aos parlamentares um minuto de silêncio por Marisa Letícia. O líder do Psol, Glauber Braga (RJ), também elogiou Marisa e desejou a Lula e sua família que consigam ter forças, “em meio a este momento tão difícil”. Benedita da Silva (PT-RJ) ressaltou a postura aguerrida da ex-primeira-dama e a definiu como “uma mulher que enfrentou muitas adversidades ao longo da vida”.

Os gestos de reverência também foram demonstrados por meio de notas e manifestações oficiais. A bancada do PT na Câmara destacou que nas últimas décadas, Marisa foi uma incansável militante em prol das causas sociais e da luta do povo brasileiro por melhores condições de vida. E ressaltou o fato de, desde os primeiros momentos da formação do partido, ela sempre ter estado presente, abrindo a porta de sua casa para os companheiros e companheiras.

“Hoje é um dia de luto, mas o espírito de luta de dona Marisa continuará a orientar milhares de militantes do PT e das causas populares. A memória da esposa, mãe, militante e companheira que bordou a primeira estrela do PT sempre estará presente em nossos corações e mentes”, afirmou a nota da bancada.

No Senado, o presidente Eunício Oliveira (PMDB-CE) divulgou uma nota de pesar, na qual destacou que a partida da ex-primeira-dama “abre um profundo vazio para sua família e para o companheiro de quase toda a vida, o ex-presidente Lula”. “Dona Marisa nos deixa a sua dignidade e a sua simplicidade como legado. Foi uma mulher forte, atuou na militância política com doçura e firmeza mas foi, sobretudo, mãe e esposa extremamente dedicada aos seus entes queridos”, disse o documento.

‘Galega corajosa’

Os senadores e senadoras do PT afirmaram, num manifesto, que “o Brasil sentirá falta da galega corajosa, da descendente de italianos que começou a trabalhar como babá aos nove anos e que descobriu a política do jeito mais duro, ao lado do marido sindicalista que ousou desafiar patrões e a ditadura para afirmar o direito de trabalhadoras e trabalhadores”.

Eles ressaltaram que “quando os órgãos de repressão arrancaram de casa seu companheiro, dona Marisa não se encolheu: abriu as portas aos militantes, participou da organização do fundo de greve e liderou as mulheres do ABC em uma passeata histórica”.

“Discreta, avessa à exposição pública, Marisa construiu sua história no companheirismo e na solidariedade, acolhendo em sua casa as primeiras reuniões do Partido dos Trabalhadores e costurando nossa primeira bandeira. Caminhou conosco cada passo da nossa história, enfrentou com altivez todas adversidades”, destacou o documento da bancada petista no Senado.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que o dia é de muita tristeza e que Marisa morre num momento muito difícil para o país, “mas enquanto esteve ao lado do presidente Lula foi exemplo de força e coragem”.

“Mesmo diante das adversidades e da perseguição implacável que sofreram, ela se manteve firme, serena e nunca desistiu de lutar, junto com Lula, por um país mais justo e fraterno. Perdemos uma grande estrela hoje, mas sua coragem sempre será lembrada por todos nós”, acrescentou. Já Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a ex-primeira-dama sempre foi, em toda a sua vida, “exemplo de força e dignidade”.

Vários parlamentares já confirmaram que estão com voos marcados para São Paulo após o término dos trabalhos do Congresso para participar dos funerais e se solidarizar com a família Lula da Silva.

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