A carne vermelha tem destaque na mesa dos brasileiros. Acompanha o arroz com feijão no almoço, virou hit com a moda das hamburguerias e é tradição no churrasco do fim de semana. Contudo, precisaríamos reduzir esse consumo para evitarmos doenças. De acordo com o Ministério da Saúde, o recomendável é ingerir entre 300 g e 500 g de carne vermelha por semana – no máximo, o equivalente a um bife pequeno por dia (71 g por dia).
Segundo pesquisa publicada em 2016, mais de 80% da população brasileira come mais do que isso.
Comer carne é importante. Ela contém nutrientes fundamentais para o nosso organismo. Mas o consumo excessivo de carne vermelha está relacionado com o aumento do risco de diferentes tipos de câncer, além de poder provocar doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. Sabe aquela suculenta fatia da picanha, com gordurinha e uma crosta chamuscada? Com ela devemos redobrar os cuidados, já que concentra substâncias potencialmente cancerígenas.
"Quanto maior a quantidade consumida, maior o risco de desenvolver câncer colorretal", diz Luciana Grucci Maya, nutricionista do Inca (Instituto Nacional de Câncer). "As carnes vermelhas são fontes importantes de ferro heme. Em excesso, pode ter efeito tóxico sobre as células", explica Maya. A carne vermelha é considerada pela OMS (Organiza&ccedccedil;ão Mundial da Saúde) como "provavelmente carcinogênica".
"Não precisamos de tanta carne quanto consumimos", alerta Aline Carvalho, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo). Segundo ela, os 500 g recomendados semanalmente suprem nossa necessidade de proteína. Além disso, há nas nossas refeições outros alimentos que complementam os nutrientes fornecidos pela carne.
Frango pode?
As carnes brancas, de frango e peixe, não oferecem o mesmo risco que a carne vermelha por terem menos gordura. Mas também não devem ser consumidos em excesso.
"Não deve ser estimulado o consumo de carne sem limites", diz Carvalho. Um risco maior presente nas nossas mesas são os chamados "embutidos", como presunto, salame, salsicha e linguiça. Em 2015, a OMS considerou a carne processada como fator de ampliação do risco de câncer.
Mas quanto deveríamos comer de carne? "Uma porção de carne branca ou vermelha por dia é suficiente para obtermos nossas necessidades [de proteínas e outros nutrientes]", diz Aline.
Não é preciso comer carne todos os dias. O consumo de embutidos é contraindicado para a prevenção de câncer. o Ministério da Saúde recomenda comer só em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias.
Carne em excesso e câncer
De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), os brasileiros devem consumir em 2017 em média 37,3 kg de carne bovina por pessoa, o que corresponde a aproximadamente 720 g por semana.
O alto consumo de carne está associado a problemas de saúde, além de danos ambientais relacionados à produção, como desmatamento e emissão de gases estufa.